28 de janeiro de 2011

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.


É soltar a franga

Endereço Desconhecido (RTP2) ainda não é o programa que pode ser. A câmara deixa-se às vezes fazer refém dos velhos conceitos "bilhete postal", a infografia precisa de trabalho (como quase sempre precisa de trabalho, aliás, a infografia das produções RTP), a edição pede tempo e paciência, até para a simples divisão das entrevistas e das contemplações em segmentos menores e alternados - e, sobretudo, Tiago Salazar continua à procura do registo certo para a exploração da sua própria imagem.


No essencial, todo o lado formal do programa espera ainda por um suplemento de sofisticação que lhe permita, ao mesmo tempo, distinguir-se no meio da programação da RTP2 e ganhar um espaço entre a muita concorrência dispersa por vários canais de diferentes operadores. E, no entanto, já se trata, provavelmente, do melhor programa de viagens "convencional" feito em Portugal em bastante tempo. Porque não se limita aos velhos chavões do jornalismo de viagens, incluindo a "estrada que serpenteia" e a "paisagem de cortar a respiração" - e isso já é muito caminho percorrido.


Tiago Salazar não apenas "parece" um louco genial: "efectivamente tem" algo de louco e outro tanto de brilhante, como a sua escrita para jornais e revistas há tanto tempo mostra. Agora, e vencida a vertigem das primeiras aparições televisivas, chegou a altura de fazê-lo verter no ecrã. Em TV, não basta ser culto, fazer as perguntas certas, ter o olhar ideal: é preciso explorar o próprio carisma também. E aquele boneco, com aquele cabelão e aquela voz de ressaca e aquele ar de bon vivant, bem pode valer um milhão. Para apresentadores que sabem onde pôr as mãos já bastam os outros todos.


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