Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.
Entre o chorrilho de disparates que a morte brutal de Carlos Castro fez publicar na Internet há pano para mangas para esta crónica. Resisto, dificilmente mas resisto, à tentação de comentar as boçalidades homofóbicas e pornográficas que o assunto desencadeou, a coberto de uma muito discutível liberdade de expressão invocada por quem, cobardemente ao abrigo do anonimato, não respeita a liberdade. Centro-me, pois, nos assuntos que se enquadram numa crónica de TV/Media.
Leio a incredulidade de muitos pelos minutos que o assassínio de Castro ocupou nas aberturas de telejornais na noite de sábado. Como se fosse possível um crime hediondo alegadamente praticado por um português, que tem como vítima um português conhecido de todos, num hotel de luxo de Nova Iorque, e cujos contornos, ainda mal conhecidos mas que envolvem as tags "homossexualidade", "ciúmes" e "genitais", não ser abertura de telejornais em Portugal.
Outros comentadores discutem a legitimidade de se chamar jornalista a Carlos Castro, um homem que dedicou grande parte da vida à imprensa, num género mal-amado, mas muito lido: a crónica social. O assunto é irrelevante: pode discutir-se se Castro era bom ou mau jornalista, mas era, sendo portador do título profissional que o habilita a tal. Ninguém questiona se um professor que não consegue ensinar um aluno, se um médico que não consegue tratar um doente ou se um advogado que não consegue defender um criminoso pode ser considerado como tal.
Finalmente, o nexo de causalidade, estafado, falacioso e apressado, entre a qualidade da nossa televisão e as motivações de um criminoso. Como se antes do Big Brother não houvesse ciúmes, intriga, famosos, ambiciosos, perturbados e criminosos.
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