A televisão, tal como a conhecemos, está a morrer. Ainda na última crónica aqui falei do peso que o YouTube e as redes sociais como o Facebook têm na mediatização da TV e na forma como consumimos programas de informação e entretenimento. Ora nem de propósito! Ainda quinta-feira a RTP apresentou a sua mais recente plataforma digital, que baptizou como RTP Play. Trata-se de um site dentro da própria página da televisão pública na Internet, onde é possível acompanhar as emissões em directo de todos os canais de televisão e rádio da empresa pública, seleccionar programas e "gravá-los" para ver mais tarde. No limite, um espectador/internauta pode "fazer" a sua própria grelha de programas e, portanto, consumir apenas aquilo que realmente quer fazer. Para já, isso é possível apenas no universo da RTP, mas num futuro, que não será seguramente tão longínquo como isso, não faltará um agregador que permita ao simples espectador ser o seu próprio director de programas.
Ora, isto, para lá de representar um sopro de liberdade na relação entre o espectador e os operadores, obrigará a indústria (de programadores a directores comerciais, de patrões a jornalistas, de anunciantes a fabricantes de tecnologia) a modernizar-se e a perceber as potencialidades dos novos media e a avaliar as tendências de consumo dos espectadores.
No espaço de uma década tudo será diferente. E a lógica das grelhas horizontais, que facilitam a fidelização dos espectadores à caixinha mágica, criará um novo paradigma: de prisioneiros, os espectadores passarão a homens livres. De sujeitos passivos, a sujeitos activos. Não verão porque a TV "estava ligada", verão porque querem. E isso, comercialmente, valerá muito mais.
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