A notícia de que a SIC vai aumentar em quase 450% o seu investimento em telenovelas merece algumas reflexões. Por um lado, e consideradas igualmente as negociações entre a estação de Carnaxide e Manuela Moura Guedes para a contratação da antiga cara da informação da TVI, fica claro que a estação de Balsemão considera esgotadas as possibilidades de inverter o jogo das audiências com base numa proposta alternativa, cedendo em definitivo ao tradicional modelo de Queluz de Baixo.
Por outro, fica mais claro ainda que a televisão generalista em Portugal, como acontece por todo o mundo, se encurralou em definitivo num beco onde só cabem reality shows, concursos, telenovelas e programas de informação-espectáculo. Não é uma novidade: é a simples confirmação daquilo que há já algum tempo se previa. Decididamente, o futuro não passa por ali.
O futuro, já se sabe, passa pela televisão temática. E, no entanto, mesmo ela começa a encontrar os seus obstáculos nos novos canais distribuídos via Internet, determinados estes a afunilar os nichos (e fragmentando ainda mais a oferta e o público).
Só esta semana, ficámos a saber que Luís Filipe Borges, talvez o melhor dos cinco apresentadores do programa da RTP2 5 Para a Meia-Noite, vai lançar um novo talk show na web; que o site deste mesmo jornal que agora tem nas mãos vai começar a produzir debates transmitidos em directo; e que já operam no mercado luso empresas especializadas em gerir os blogues e as contas de Facebook de uma série de programas de televisão.
Para já, os três domínios (TV generalista, TV temática e Internet) vão dialogando. Mas o que acontecerá quando quem tem hoje oito ou nove anos tiver 14 ou 15 e ditar, enfim, as tendências?
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