Boa noite. O Fecho de hoje incluí mais uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.
Demagogias a rodos
1. É curioso que Arons de Carvalho considere haver "alguma demagogia" na defesa que o actual PSD faz da privatização da RTP. Já aqui o disse: sou a favor da privatização do canal 1 e da redução do universo da televisão pública a RTP 2, RTP N, RTP Internacional, RTP Açores e RTP Madeira (o que, aliás, já representa um espectro enorme). Nunca me ocorreu, porém, a utilização da palavra "demagogia" ao longo deste debate. Estará Arons a sugerir que a RTP continua a ser sobretudo uma arma de arremesso político, com a qual a oposição (qualquer que ela seja) agride o Governo e cuja privatização o Governo (qualquer que ele seja) jamais aceitará? Estará o ex-secretário de Estado da tutela a insinuar que a RTP sempre foi um problema eleitoral?
2. Mais tarde ou mais cedo, estalaria o verniz em torno das campanhas publicitárias do Meo. Os Gato Fedorento foram uma aposta boa de mais - e era seguro que, com ou sem razão, a concorrência aproveitaria a primeira oportunidade para desmontá-la. O problema, para esta, é que o efeito está a ser o contrário. Quanto mais se fala do Meo e da sua campanha "irregular" com os Gato , mais atenções se chama sobre ela e sobre a ligação entre o operador e o grupo de criativos, cujo alcance no coração do telespectador apenas será suplantado (quando muito) pelo de José Mourinho.
3. Dizia esta semana Piet-Hein Bakker, no Correio da Manhã, que a TV generalista "está a sofrer uma crise criativa". Não é verdade que se trate de um problema de criatividade: foi o mundo que mudou. E também não é verdade que se trate de uma crise: é uma recessão mesmo. A TV generalista está no seu estertor de morte.
Um comentário:
Concordo com tudo o que o senhor do DN disse, menos com o desaparecimento da RTP Memória, aquele canal é serviço público, é um regresso ao passado, por vezes um relembrar dos tempos, é para mim essencial numa estação como a RTP, que conta com mais de 50 anos de história e os seus arquivos são puro ouro para quem gosta de ver o que andava em voga aqui há uns anos e do melhor que se fazia em televisão antigamente em Portugal.
A RTP1 podia muito ser privatizada, temos um exemplo em França, onde a a TF1, antes era pública, e em 1987 foi privatizada(daí o facto do principal canal público se chamar France 2 e não France 1 como é comum). Eu sou a favor da privatização do canal 1, mas completamente contra a privatização da totalidade do grupo RTP, tem que haver um meio-termo entre os privados e a RTP faz isso. Da mesma forma que 90% do serviço público é feito pela RTP2 e não pela RTP1. Por exemplo onde está a programação infantil na 1? Ah começa às 6 e acaba às 8 da manhã, mas a esta hora que miúdos há levantados?! Eu falo por mim, quando era gaiato era madrugador, mas não tanto. Não digo que não haja crianças a esta hora levantada, mas se passasse no horário do Bom Dia Portugal tinha mais visibilidade e mais audiência talvez(a escolha dos desenhos animados conta muito!).
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