Não sei se Felisbela Lopes está efectivamente indisponível para o cargo de provedora do Espectador da RTP, como disse na quinta-feira em comunicado, ou se o seu gesto constituiu sobretudo um contributo pessoal para a aceleração do processo de substituição de Paquete de Oliveira, há já tantos meses a gerir o cargo de forma interina e fragilizada. Sei que a sua tomada de posição era inevitável - e que, aliás, o timing escolhido acaba por ser perfeito como alerta para a forma como determinados cargos são preenchidos em Portugal (vide a provável substituição de Gilberto Madaíl na Federação Portuguesa de Futebol, de que ainda vamos ouvir falar muitíssimo).
No meio disto tudo, porém, fica-me uma questão: para que precisa exactamente a estação pública de televisão de um Conselho de Opinião, se já existe um Conselho de Administração (para gerir a empresa), um Provedor (para zelar pelos interesses dos telespectadores) e uma Entidade Reguladora da Comunicação Social (para fazer o escrutínio do funcionamento dos media nacionais, RTP incluída, em nome do Estado)? No meio do turbilhão que é a RTP, um poço sem fundo do ponto de vista financeiro e um desperdício de meios do ponto de vista da gestão (tenho falado aqui repetidamente no caso da RTP/Açores, mas há outros), não vejo que tipo de monitorização esteja a fazer o Conselho de Opinião - e, aliás, que resultados ela tenha produzido.
Quanto à Provedoria do Espectador, pois lá vai Paquete de Oliveira, com a dignidade habitual, segurando as pontas (o seu programa, Voz do Cidadão, regressa no dia 18). E talvez só no momento em que também ele der um murro na mesa e gritar: "Acabou-se!" estejamos, efectivamente, a caminho de uma solução.
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