Boa noite. O Fecho de hoje incluí mais uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Noticias.
Às 21:00, entra em linha o Frente a Frente desta semana.
Das várias vezes que fui ao Brasil, uma das coisas que mais me fascinou na televisão brasileira foi a profusão de programas de crime. É natural. O Brasil, sobretudo São Paulo e o Rio de Janeiro, é um país violento, muito pobre, um barril de pólvora em permanente explosão.
A televisão brasileira é um espelho dessa sociedade: reflecte-a, não a esconde. E, portanto, cada canal tem o seu programa de crime, todos eles editoriali-zados, com simulações, entrevistas, e reportagens ao vivo onde o pivô/jornalista assume, muitas ve-zes, as dores populares, como se quisesse fazer justiça com as suas próprias mãos. É fascinante, repito. Mas é também inquietante.
Portugal não tem essa tradição, felizmente. Nem cultiva esse género de te-levisão e de reportagem. Mas, quando há dias, pensava no que Hernâni Carvalho poderá vir a fazer na SIC, agora que se deixou a TVI e regressou a Carnaxide, dei por mim a pensar no potencial que teria um programa de crime, não à brasileira mas à portuguesa, no day time de uma estação generalista. E esta ideia cruzou-se com outra, que tenho há muito tempo: a de que as grelhas diurnas dos canais não têm de ser, inevitavelmente, preenchidas com talk shows repletos de conversa mole, música pimba e árvores das patacas.
Os assuntos de justiça, crime e segurança são cada vez mais importantes nas comunidades urbanas. E ganham mais adeptos junto do público mais velho, ou seja, mais vulnerável a trapalhadas, enganos e inseguranças. Quando a televisão perceber o filão que os jornais já descobriram há mais de uma década, vai ser um fartar vilanagem...
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