12 de junho de 2010

Para lá das 24

Boa noite e bem vindo ao Para lá das 24, o último da semana!

Na passada Quinta-Feira, dia de Portugal, José Alberto Carvalho fechou o Telejornal da RTP afirmando que "ser português é uma resposta em construção em cada dia, por cada um de nós" e por isso justificou as imagens que iriam encerrar aquela edição como "imagens que ilustram de forma sentida e profunda parte dessa resposta". E eis senão quando, com a ficha técnica, aparecem no ecrã festejos dos adeptos portugueses na África do Sul, com saltos, gritos e as inenarráveis vuvuzelas à mistura.

Esta 'prova de patriotismo' oferecida pela informação da RTP reflete bastante todo o histerísmo das nossas televisões à volta do campeonato do mundo de Futebol que está agora a começar.

Definitavemente esta é uma histeria em demasia (como todas, afinal) mas, mesmo assim, não é nada de novo nem que nunca tivessemos visto anteriormente.
Desde sempre que a comunicação social gostou de enaltecer este orgulho gratuito, refletido nas quatro linhas do campo de Futebol. E as pessoas respondem em massa a essa noção fácil de orgulho, resposta refletida por exemplo, nos bons resultados audiométricos que programas como os que mostram a intimidade dos craques portugueses (na pele de heróis nacionais) ou os que transmitem piqueniques de apoio à selecção obtêm. No fundo, este é um ciclo vicioso infelizmente inevitável.

O que não foi tão inevitável, mas sim condenável, foi o encerramento do Telejornal no dia de Portugal e de Camões. É completamente descabido falar sobre aquilo que somos através de imagens alusivas à histeria futebolística. Não podemos cair em tremendo facilitismo, que por tão tremendo que é, esquece-se que fomos nação muito antes do futebol ser aquilo que é.

Para respondermos à pergunta "O que é ser português?" não bastam umas imagens de adeptos aos saltos e aos gritos mas sim uma enorme reflexão, muito além do Futebol. Mas para isso o Telejornal teria que esticar a sua duração durante mais algumas horas...

Não quero estar novamente a criticar alinhamentos ou gostos editoriais mas era inevitável falar sobre este precalço da RTP porque afinal, e citando novamente José Alberto Carvalho: "É este o nosso mundo..." com uma leitura sobre ele um tanto deturpada, mas é!

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