Fecho

Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias. Às 21:00, saiba tudo sobre a edição desta semana dos Escolhidos.

Imperfeito Coração

Tranquilo, em casa, fiquei uns minutos parado a ver Perfeito Coração (sim, confesso, estava à espera de Viver a Vida, novela que sigo tanto quanto posso...). E vi de tudo. Vi um excelente momento de Ricardo Pereira, antes da decisão de ir ao hospital ajudar o seu maior inimigo, que não descansou enquanto não o separou da filha. Vi uma cena tonta de um casal apaixonado a jantar num restaurante intimista. Já se sabe que a paixão nos deixa tontos, mas nenhum jovem se comporta assim quando está a sós num local público com a pessoa amada. E, finalmente, vi uma inacreditável reunião de accionistas de um suposto banco de sucesso cotado em bolsa. A reunião de accionistas era no gabinete do presidente da administração, com a filha do dito presidente a puxar ao sentimento e a lembrar a obra do pai, perante um conjunto de accionistas, sentados à volta da secretária do presidente. Durante a cena (que tentava representar a dita reunião, os ditos accionistas e o dito banco cotado em bolsa), os figurantes não abriram a boca nem por uma vez, num momento tão irreal, tão fraco, tão deprimente que mete dó.

É este o problema da maior parte da ficção portuguesa, independentemente do público gostar: os guiões são paupérrimos e, quando não são, são incompetentemente representados. Também há os casos em que o guião é mau e a representação dá vontade de rir. Também vi esse caso na terça-feira em Perfeito Coração. A personagem de Sofia Sá da Bandeira, de tão exagerada e artificial, não resulta. Nenhuma "tia", por mais "tia" que seja, fala assim. Sofia tinha obrigação de saber isso...