Boa noite. Daqui a uma hora estreia a segunda temporada do concurso do Televisão-Opinião - Os Escolhidos! Não pode perder!
Cultura de bolso
Acrescente obsessão com as crianças traz- -nos agora Super Miúdos (RTP, de segunda a sexta, por volta das 22.00), um concurso que parece igual aos outros todos, mas na verdade é diferente. Como em todos os outros concursos de cultura geral, há perguntas. Como em todos os outros concursos de cultura geral, as possibilidades de ganhar dinheiro a sério são reduzidas. Ao contrário de todos os outros concursos de cultura geral, porém, o público em casa torce pelo fracasso dos concorrentes, no pressuposto de que, sendo os adversários crianças iguais às nossas, uma derrota de quem foi à televisão de alguma forma vinga a subalternidade de quem ficou em casa.
Pouco a dizer sobre a produção: o décor é o do costume, a realização, ágil, e a apresentação de Sílvia Alberto competente (mesmo tendo em conta a precipitação de perguntas como "São casados?", que às vezes levam os concorrentes a responder "Hããã?"). O problema é que, como acontece, por exemplo, quando se compara a versão nacional de Ídolos a algumas congéneres estrangeiras, os miúdos, em si, estão longe de serem "super alentosos, superinteligentes e super-rápidos". Só na primeira edição que tive a oportunidade de ver, ainda o programa não ia a meio e já as crianças tinham perdido cinco provas consecutivas.
Resta aos produtores, naturalmente, a ferramenta da ordem: centrar as questões no universo infanto-juvenil (como acontecia com Sabe Mais Que Um Miúdos de Dez Anos?), perguntando sobre os cantores ultrapop, a reciclagem ou o número de vogais do alfabeto. O problema é que, a partir daí, usar a expressão "cultura geral" já não será uma demagogia, como é agora: será apenas uma mentira.
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