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Quo Vadis, Júlia Pinheiro?
E pronto, aí está a primeira grande medida de Júlia Pinheiro como directora de Formatação de Conteúdos da TVI: o lançamento, já em Março, de um programa sobre espiritismo, não por acaso apresentado pela própria. Ao que se sabe, a ideia é, com a ajuda de uma médium inglesa, colocar os "famosos" a "falar" com os seus entes queridos já mortos. Ruy de Carvalho saiu exultante de uma das primeiras sessões de gravação, garantindo que havia falado com Ruth de Carvalho, de quem ficou viúvo há dois anos. Moita Flores não quis ser tão efusivo, mas sempre foi adiantando que terá falado com a sua mãe, igualmente já falecida.
Não vou questionar o valor do espiritismo como mote televisivo, assim como não questionarei a legitimidade de programas centrados no catolicismo, no protestantismo ou em qualquer outra tradição destinada a prover os cidadãos de conforto espiritual. Mas sempre me pergunto duas coisas. A primeira é genérica: o que pode interessar, para o telespectador, num programa em que um convidado "famoso" supostamente debate a sua intimidade com o espírito de uma pessoa que amou (ou ama). A segunda é personalizada: o que motivará um actor com a imagem de Ruy de Carvalho ou um escritor (e político) com a carreira de Moita Flores a exporem-se àquilo que, provavelmente, será apenas mais uma etapa na nossa já longa odisseia pelos domínios da trash TV?
Percebê-lo é a única expectativa quanto ao dito programa, aliás com título ainda provisório (Evidências). Quanto ao resto, fica a esperança de que, apesar do absurdo da proposta, o formato consiga alcançar um mínimo de dignidade. Por esta altura, não é fácil acreditar nisso.
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