28 de janeiro de 2010

Fecho


O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.

Às 21:00, sinta o Feeling, aqui no Televisão-Opinião

'Let's lúcét da treila'

O handicap televisivo de Mário Augusto, jornalista com que a RTP decidiu reforçar-se para 2010, não é a vaidade que se desprende de cada uma das suas intervenções. Na verdade, Mário Augusto é um vaidoso controlado - um manipulador da sua própria vaidade, usando a proximidade pessoal com as superestrelas de Hollywood (mesmo que forjada, se às vezes disso se trata) e o seu protagonismo em relação a elas para criar no espectador uma imagem aspiracional, com claros benefícios tanto para a criação da personagem como para a garantia de atenção. Nos EUA, é assim que se faz há muitas décadas - e, se nós reagimos mal a isso, é mais por ressentimento mesquinho do que por qualquer outra coisa.

O handicap televisivo de Mário Augusto não está, portanto, na forma: está no conteúdo. Como se viu durante os muitos anos que coordenou e apresentou 35 mm, emitido tanto na SIC Notícias como nos canais TV Cine, a sua visão do cinema é não apenas "sobretudo" lúdica mas "exclusivamente" lúdica, com tendência para reduzir a chamada Sétima Arte a uma mera sucessão de blockbusters, nas entrelinhas das quais espreita um ou outro objecto pitoresco a que apenas uma vez por outra vale a pena dar uma espreitadela, para calar os intelectuais. Por outro lado, e apesar da "amizade" com Harrison Ford, Tom Cruise ou Nicole Kidman, Mário Augusto continua a falar um inglês absolutamente macarrónico, quase comido, enganando-se até nos títulos - e fazendo de Lauro António (às vezes até de "Lauro Dérmio") uma espécie de novo Shakespeare.

Como será agora, na RTP, não sei. Mas talvez a preparação dos prometidos novos projectos devesse começar por aí: pelo polimento.

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