O fim da paciência
1. Se dúvidas ainda persistiam de que o modelo do reality show vive o seu estertor de morte, eis aí as queixas dos "famosos" da TVI quanto à forma como foram recebidos e tratados na selva, ao longo das gravações dos três segmentos do programa Perdidos na Tribo. Realidade, ainda vá. Tribos, tudo bem. Perdidos, pronto. Agora, não ser "uma coisa agradável", como havia sido "prometido aos famosos", é que não. Uma pessoa ir para uma tribo recôndita e não levar uma rulotezinha de Hollywood é uma verdadeira falta de respeito. Não chega já disto tudo, de reality shows e de "famosos" e da mais acéfala fase da história da televisão?
2.O problema não é da Entidade Reguladora, que neste caso se limitou a tentar forçar o cumprimento da lei. O problema é da lei mesmo. Obrigar uma estação pública de televisão a ter debates com representantes de todas as forças partidárias é, mais do que legítimo, lógico. Impor a mesma obrigação a estações privadas não é apenas ilógico, como ilegítimo - e, aliás, ridículo. Por uma questão de princípio e por uma questão pragmática. Com a profusão de novos partidos e forças políticas com aspirações a tornarem-se partidos, o mínimo que a lei deveria fazer, em persistindo este nosso habitual "superestado", era traçar algures (algures num ponto razoável, isto é) uma linha delimitadora do objecto das obrigações dos canais. Isto num contexto de pragmatismo. Num contexto de princípios? Simplesmente não haver qualquer obrigação do género no que diz respeito às privadas - nem das estações para com os partidos nem destes para com elas. Pois estão aí os debates - e a sua simples marcação, como de costume, foi polémica. O que pensará disto a troika?
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