Boa noite. Em fecho, mais uma crónica da autoria de Nuno Azinheira e retirada do Diário de Notícias.
Calem o pavão!
Em pouco mais de um mês, José Sócrates deu a sua terceira entrevista à televisão portuguesa. O primeiro-ministro tem-se esforçado por passar a sua mensagem: primeiro que o PEC podia salvar o País, depois que o FMI era evitável, agora que está disponível para um entendimento com a oposição, em nome da tão abençoada unidade nacional. A vox populi diz-nos que já ninguém aguenta Sócrates. As sondagens mais recentes, porém, mostram--nos que a vantagem de Passos Coelho é cada vez menor e que, para surpresa das surpresas, o primeiro--ministro parece capitalizar com a teoria do caos. Não deixa de ser curioso, porém, que, a cada entrevista que dá na televisão, Sócrates vá perdendo espectadores. A 15 de Março, com Ana Lourenço, na SIC, teve 1,3 milhões de portugueses na plateia. A 4 de Abril, entrevistado por Vítor Gonçalves e Sandra Sousa na RTP1, foi visto por 1,150 milhões. Terça-feira, frente a Judite Sousa, o chefe do Executivo demissionário ficou-se pelos 1,135 de ouvintes. Não sabemos se tão atentos como os pavões de S. Bento (não é chalaça, são mesmo os bichanos que se pavoneiam pelos jardins da residência oficial do primeiro-ministro). Ao longo da entrevista de terça-feira, os ditos não se cansaram de reagir à entrevista do dono. Não sabemos se em registo de agrado, se em apenas mais uma manifestação de desagrado com o discurso do engenheiro. Numa época de Liberdade, em que toda a gente tem opinião e faz gala de a emitir, teria ficado mal à TVI fechar a janela que dava para o jardim. Haveria sempre, afinal, quem viesse dizer que era a nova direcção a poupar Sócrates. Assim, os pavões fizeram-se ouvir e não se auto-excluíram da discussão. Só falta reunirem-se com a troika...
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