Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.
Portugal a rir
Em Portugal, produtores e programadores acham que basta juntar um leque de actores, dizer umas piadas, meter umas gargalhadas enlatadas lá pelo meio e, pronto, temos um programa de humor, ou, vá lá, uma comédia ligeira. A televisão portuguesa está, nas últimas décadas, cheia destes exemplos menores, que raramente ficam para a história. E é por isso que é de saudar quando aparecem propostas bem feitas, com texto inteligente, com uma construção que vá para lá da brejeirice ou da piada rasteira e fácil.
Estreado há quatro semanas, Estado de Graça, sexta- -feira à noite na RTP1, é uma lufada de ar fresco, é inteligente e preocupa-se em beber na actualidade o material para o seu humor. Maria Rueff, Ana Bola e Joaquim Monchique, muito competentes, destacam-se num grupo onde Manuel Marques e Eduardo Madeira, estando mais intermitentes, têm conseguido igualmente bons momentos.
As entrevistas a Kadhafi, Angela Merkel e Lula da Silva, por exemplo, foram muito bem conseguidas. A parábola aos Homens da Luta, que ganham tudo, desde o concurso Miss Portugal 2011 ao concurso para a construção do TGV, e a conferência de imprensa de Paulo Futre, ambos logo no primeiro episódio, revelam excelente poder de observação, acidez bem calibrada e inteligência na construção das personagens.
Estado de Graça não é perfeito e é ainda um bocadinho irregular, mas é seguramente uma das propostas mais bem conseguidas do entretenimento da RTP. Aos poucos, José Fragoso vai conseguindo construir, como prometeu, uma bem sucedida linha de humor, a que se juntarão em breve Bruno Nogueira e companhia no seu Último a Sair. E isso deve ser aplaudido, num país com pouca vontade de rir de si próprio.
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