24 de abril de 2011

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.

O lugar do porno



Toda a gente tem direito a uma determinada dose de pornografia - e toda a gente, aliás, usufrui dela. É curioso comparar o que hoje consideramos pornografia com aquilo que, há cinquenta anos apenas, os nossos avós rotulavam com essa palavra. É verdade que o anátema se mantém, mas por outro lado os limites comprimiram-se.

Há apenas umas décadas, um peito desnudo ou um palavrão eram suficientes para gerar o choque, o debate e, em muitos casos, novas diligências proibicionistas. Hoje convivemos com peitos e rabos com a maior das facilidades, no cinema, na TV e até na publicidade mainstream. Pornografia já é só o acto sexual em si - e tem de ser bem explícito, incluindo glandes e prepúcios. Nem a pornografia à japonesa, com mosaicos a tapar as zonas de fricção, já é bem pornografia. Quando muito, é soft porn.

Todas as grandes crises económicas foram terreno fértil para o desenvolvimento da actividade. Esta tem-no sido também. A Internet disseminou as oportunidades - e não são poucos os cidadãos anónimos que, com maior ou menor grau de perversidade, lançaram os seus negócios na área. E, entretanto, muitos outros anónimos ainda, nomeadamente jovens, estão agora na disposição de fazer sexo em frente às câmaras apenas pelo prazer da experiência.

Uma série de ficção sobre o crescimento desse universo, como aquela que o canal Arte anunciou (Xanadu), é uma boa ideia. Assim como é uma boa ideia a importação, pela SIC Radical, do programa Sexcetera, da Playboy TV. A desmistificação tem sempre o efeito de reduzir a vertigem. Mas, mais uma vez, a TV cumpre o seu papel de democratizar. De resto, há telenovelas com conteúdo bem mais obsceno, até porque desprovidas de humor.

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