6 de abril de 2011

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.


Glória absoluta


Rui Sinel de Cordes- Especial de Natal, assim como a globalidade do trabalho do humorista da SIC Radical, deveria ser alvo, em primeiro lugar, de um julgamento de gosto por parte dos telespectadores. Caso um ou mais visados dos seus sketches se sentisse(m) ofendido(s) com estes, então, deveria ser ainda alvo do julgamento dos tribunais quanto a eventuais violações da liberdade de expressão (ou afins). Tudo o resto é descabido.


E, quando digo "tudo o mais", digo também o juízo moral que dele faz a ERC, incluindo o surpreendente argumento de que o Natal é um "momento associado a um [determinado] conjunto de valores sociais e religiosos". Até porque vem ancorado numa lei serôdia, com letra a mais e espírito a menos, cuja invocação exige o recurso a expressões como "referências discursivas à sexualidade" ou "referências a pessoas concretas (com particular enfoque em figuras públicas)", aliás aplicáveis a uma série de outros programas.


Não gosto de tudo o que Rui Sinel de Cordes faz. Às vezes sinto-me mesmo incomodado com o seu humor. Mas tenho de reconhecer-lhe vários méritos: a) vem trilhando um caminho solitário e determinado; b) tem efectivamente rasgo humorístico; c) foi capaz de romper com a ditadura do non sense, sob a qual vivemos há trinta anos, como se os Monty Python não tivessem deixado espaço para mais nada depois deles; d) não tem receio de afrontar os novos "monstros sagrados" do humor nacional, como recentemente aconteceu com Nuno Markl.


Cordes já fez mais pelo de-senvolvimento da TV em Portugal do que dois terços dos seus pares. Ser processado pelo regulador é apenas a chamada "cereja no topo do bolo".

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