Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.
Oportunidade perdida
Cada vez tenho mais reservas quanto ao sucesso que a televisão digital terrestre (TDT) pode ter em Portugal. Segundo a Anacom, em Setembro de 2010 havia quatro milhões de alojamentos cablados em Portugal e 2,7 milhões de subscritores de televisão por assinatura. Ou seja, temos hoje uma indústria temática forte, quer através dos operadores de cabo, com a Zon a liderar de forma indiscutível, quer através dos operadores de IPTV, com a Meo a ser responsável pela animação do sector. Com o concurso de atribuição de canais para a TDT completamente bloqueado, a única coisa que se sabe é que, para já, quem tiver TDT, tendo para isso de suportar os custos da aquisição das boxes ou novos televisores, terá disponíveis os mesmos quatro canais de sempre. Temos assim que a TDT jamais poderá ser uma alternativa à televisão por subscrição. Quem hoje tem disponíveis mais de cem canais, entre ofertas nacionais e internacionais de informação, música, infantis, desporto, documentários, etc., naturalmente já não prescinde deles. Num País em que o peso dos temáticos (Cabo e IPTV) representa para já um quinto do mercado de audiências e, a muito breve trecho, um quarto de todo o consumo de TV, é fácil perceber como a TDT não é um negócio apetecível para quem nele podia investir. A menos de um ano do desligamento do sinal analógico, imposto pela Comissão Europeia aos países do Velho Continente, o Governo português aplica-se agora em acções de promoção à nova tecnologia. É tarde. E é ineficaz. Porque o anúncio se dirige apenas a quem continua a ver televisão pelas velhas antenas do prédio, recepcionando, com mais ou menos chuva, a RTP1, a RTP2, a SIC e a TVI.
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