17 de fevereiro de 2011

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.



Nicolau sim, Nico não!

Ainda não estou em mim. Há pouco mais de semana e meia, elogiei aqui Nicolau Breyner e o novo talk show que vai ter na RTP1. Nico é um dos nossos melhores. Num país onde os programas de conversa na televisão se resumem, quase exclusivamente, às desgraças do day time, ou ao que é importado dos Estados Unidos, é, claro uma boa notícia.


Nicolau Breyner não vai, porém, fazer só isso na RTP1. Vai aventurar-se também numa sitcom ao jeito de Nico d'Obra, Uma Casa em Fanicos ou Nós os Ricos, e que vai contar com dois compagnons de route: Rosa do Canto e Fernando Mendes.


Receio o pior. Eu lembro-me bem dessas séries da década de 90. Lembro-me de as ver e de esboçar um sorriso com elas. Mas na altura tinha 15 anos. Sempre que as revejo na RTP Memória, nem consigo debitar uma gargalhada. Aquele tipo de comédia de situação é datado: o texto quase sempre pobre, as piadas gastas, as interpretações, em alguns casos, sofríveis.



Passaram duas décadas desde que os portugueses se riram com aquelas sitcoms. Passaram 20 anos e muita ficção pelos olhos dos espectadores. Passaram 20 anos e os textos melhoraram, as interpretações cresceram e a ficção portuguesa na televisão não tem nada a ver com a da década de 90.



Nicolau é um actor enorme. O seu papel em Meu Amor , ou a sua carreira no cinema provam-no bem. E, por isso, não tinha qualquer necessidade de voltar ao passado. É certo que pouco se sabe dos contornos do projecto, mas só a ideia de que o popular Nico vai voltar ao humor popularucho cria-me grande apreensão. A RTP1, seguramente, vai ganhar. Nicolau Breyner, cujo percurso tinha deixado para trás essas comédias, provavelmente não. Como sabemos, não se volta ao lugar onde já se foi feliz.

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