Falar Televisão

Um aniversário aparentemente diferente

A entrada na maioridade é, por si só, um marco na vida de qualquer ser humano. É quando temos idade para tirar a carta, já pudemos ser presos, votar, entre tantas outras coisas. No caso da TVI, nada disso se aplica, uma vez que se trata de um canal de televisão. Ainda assim a responsabilidade de estar há dezoito anos no activo merece uma comemoração.

Habituados a galas com caras da estação, este ano os portugueses tiveram direito a emissões especiais de Você na TV (no sábado) e A Tarde é Sua (no domingo). Contudo, o grande presente para os telespectadores foi mesmo a quarta temporada de Uma Canção para Ti. Doze novos talentos, uma nova apresentadora, dois novos jurados. Quase tudo pareceu novo, mas na realidade não passou de mais do mesmo.

Contudo, ainda houve um “cheirinho” às habituais galas de aniversário, com Pedro Teixeira e Helena Isabel a mostrarem os seus dotes nas cantorias. Exigências de um contrato de exclusividade ou por vontade própria, o certo é que foram mesmo os dois momentos mais dispensáveis da noite.

Fui um fã acérrimo da segunda temporada deste talent-show e dois anos depois soou-me a mais do mesmo. Foi estranho ver Cristina Ferreira no lugar de Júlia Pinheiro, mas penso que a apresentadora foi inteligente. Não se quis armar na sua “madrinha” e repetir as mesmas graças e foi ela própria, como todos estamos habituados a vê-la, embora um pouco mais contida, fruto do nervosismo, provavelmente.

Já os dois novos membros do júri, Sofia Ribeiro e Vítor Fonseca surpreenderam-me. Fui um grande crítico da escolha da actriz de Sedução, mas hoje percebo que faz todo o sentido. Sofia Ribeiro deu uma outra graça, com comentários agradáveis e simpáticos para os pequenos talentos. Na minha opinião, acabou mesmo por retirar algum protagonismo a Rita Pereira.

Por fim, os números. Importantes para qualquer televisão privada são o prenuncio do que já se esperava. Já o disse entre amigos e volto a repeti-lo. Por muito que Uma Canção para Ti possa ser apelativo, por muito que Cristina Ferreira e Manuel Luís Goucha possam atrair telespectadores, acredito que o programa nunca sairá vencedor do confronto directo com Portugal tem Talento.

E nem mesmo em dia de estreia o conseguiu fazer. Embora a diferença não tenha sido muito elevada, e tenha ganho em termos de share, no mesmo horário Espírito Indomável e Casos da Vida chegaram a fazer melhor. Agora, num dia de festa deve-se condenar o formato? Não, claro que não. Pelo menos pudemos ver verdadeiros talentos, e não rever o que já revimos vezes sem conta.