1 O fim da transmissão de espectáculos taurinos na TVE é um forte revés para a causa das touradas. Inclusive em Portugal. Com a deserção do principal canal espanhol, a RTP praticamente deixa de ter argumentos em defesa da sua velha tradição, de resto progressivamente manietada ao longo dos últimos anos. A existência de touradas na TV portuguesa, com ou sem bolinha, neste ou naquele horário, tem, pois, os dias contados. E, tendo em conta o recrudescimento da bem--aventurança, que vai encontrando na crise económica e na demagogia evangelística (incluindo a de natureza político-partidária) terrenos assaz férteis, não hão-de ser muitos, esses dias.
2 Continua a crescer, o Canal Benfica - e Zona de Decisão, programa de entrevistas "a grandes figuras de relevo da sociedade portuguesa" (sic), é mais um passo nesse sentido. A presença de Jerónimo de Sousa como convidado prova que a estação começa a ter dimensão suficiente para que a primeira linha da política portuguesa a considere já um veículo de comunicação eleitoral a ter em conta. E isso, mesmo tratando-se do Benfica, o maior clube português (e, eventualmente, o mais bem representado entre os comunistas), é sinal de que já se percorreu um longuíssimo caminho.
3 Insistem os arautos da TV generalista que o anúncio da morte da dita é manifestamente exagerado. A paráfrase, bebida em Mark Twain, tem graça, mas apenas isso. Segundo os principais medidores do investimento publicitário, e perante um contexto de persistente declínio no universo dos media, só a TV codificada e a Internet se vão aguentando. As previsões podiam ser contestadas. As opiniões também. Os números já é mais difícil.
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