14 de novembro de 2010

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.

Malucos somos nós

1. Se me perguntarem se eu gosto de Malucos do Riso, a resposta sai indignada: "Eu, credo, claro que não!" Mas se me questionarem se compreendo a insistência da SIC no programa, aí o caso muda de figura. Malucos do Riso tem 15 anos. Não são 15 meses, são 15 anos. A ideia de Jorge Marecos comprada por Emídio Rangel assente num conceito simples: dar vida a anedotas populares e levá--las para a TV. Há 15 anos foi um sucesso, uma pedrada no charco na televisão portuguesa, ainda cinzenta e sem graça. O êxito durou dez anos e foi a jóia da coroa da SP (antes Filmes, hoje Televisão). Nos últimos cinco, seis anos, sempre que há dificuldades no prime time, o director de programas (tenha sido ele Manuel Fonseca, Francisco Penim ou agora Nuno Santos) tira os Malucos da gaveta. Já não surpreende, já não encanta ninguém, já não reúne multidões, mas segura ali 22 ou 23% de quota de mercado. Não é brilhante, mas pelo preço que custa à SIC, é o melhor que se consegue arranjar, à falta de produto mais novo e competitivo.

2. Escrever uma novela para as 21.00 não é o mesmo do que escrever uma ficção para ser exibida à meia-noite. Qualquer guionista sabe isso, mas toda a gente se conforma com as vontades dos programadores, que mudam os horários consoante as necessidades, porque o País é pequenito e todos precisamos de trabalhar. Uma novela das nove pressupõe a abordagem de temas leves, com um forte núcleo humorístico e a presença de crianças e animais. Uma novela de late night pede assuntos polémicos, de risco, mais erotismo, mais realidade. E é por isso que ver Paulo Lobo Antunes a falar com um golfinho (Mar de Paixão) à meia-noite... não faz qualquer sentido.


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