9 de novembro de 2010

Fecho

Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.

Agregar o impossível

O que entende o Governo por "agregar" a RTP e a agência Lusa? A bomba foi lançada pelo ministro dos Assuntos Parlamentares na Assembleia da República. Jorge Lacão não explicou o que quer fazer? Que ideia tem? O que pensa do trabalho das duas empresas públicas? Apenas disse que essa é uma hipótese em cima da mesa para "racionalizar" os custos na comunicação social do Estado. Se o objectivo é meramente economicista, avance-se sem demoras. Reduza-se a administração das duas empresas, venda-se a sede da Lusa em Benfica, coloque-se tudo (RTP, RDP e Lusa) na Marechal Gomes da Costa. Se a ideia for só poupar uns milhões, muito bem: poupa-se electricidade, poupa-se frota, poupam-se ordenados de administradores, poupa-se em funcionários de vários sectores não jornalísticos (recursos humanos, financeiros, marketing, comercial).

Qualquer responsável que não tenha só números na cabeça perceberá que é impossível "agregar" RTP e Lusa naquilo que é essencial: o jornalismo. Pela simples razão que, apesar de serem ambas empresas públicas e, como tal, sujeitas à pressão dos governos, a televisão e a agência noticiosa têm missões e objectivos diferentes. A RTP é uma estação televisiva, generalista e de serviço público; a Lusa é uma agência, que tem como primeira obrigação cobrir o maior número de acontecimentos possível e distribuir com a rapidez necessária o serviço pelos seus clientes.

Não tendo começado a minha carreira na Lusa, vivi lá seis anos decisivos para a minha formação jornalística. Sei do que falo: forçar uma "agregação" é não entender a especificidades de uma agência que, com o passar dos anos, se desvia cada vez mais do seu core business. E, isso sim, pode sair caro...

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