Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.
A televisão portuguesa está cheia de comentadores que não acrescentam nada ao óbvio. Que não são polémicos, que não ajudam o espectador a pensar, que têm agendas próprias e que defendem interesses próprios.
E é por isso que dei por mim entusiasmado a ouvir os comentários de Pacheco, antigo jogador do Benfica e do Sporting, durante a transmissão do Portimonense-Benfica, domingo à noite na Sport TV. Ao longo de todo o jogo, António Pacheco, ele próprio um algarvio que também jogou no velhinho estádio de Portimão, demonstrou as várias características, tão difíceis de reunir num só homem, que fazem dele um bom comunicador em televisão (ou em rádio): 1 - tem uma voz bonita e agradável; 2 - sabe falar português e não diz "tênhamos" e "póssamos"; 3 - tem conhecimentos técnico-tácticos; 4 - não se limita a comentar o que o espectador acabou de ver; 5 - é capaz de lançar pistas de reflexão a partir do que vê nas quatro linhas. Pacheco mostrou que sabe do que fala, sem se arvorar em teórico da modalidade. A sua prática de anos a fio (e que alegrias me deu ele quando jogava naquela asa esquerda do ataque encarnado...) nota-se nos seus comentários.
Pacheco integra uma nova vaga de comentadores, de homens que penduraram as chuteiras e que as trocaram pelas câmaras de televisão. Um lote que se afasta da velha ideia, quase anedótica, dos jogadores de futebol que rematavam "com o pé que têm mais à mão" e que estiveram "à beira do precipício... mas deram um passo em frente". Hoje, homens como Pacheco, como Pedro Henriques (outro grande comentador da Sport TV), ou Pedro Barbosa, que domingo se estreou na TVI, provam que o futebol até pode ser para homens de barba rija, mas não tem de ser só jogado com os pés...
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