Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.
Pop brega
1. Não sei se o casting especial lançado este mês pela SIC entre os seus colaboradores, a pensar em figurações na telenovela Laços de Sangue, é efectivamente apenas uma forma de poupar dinheiro em agências de figurantes. O que é verdadeiramente interessante é a forma como Virgílio Castelo exulta com os "talentos" que entretanto anda a encontrar em Carnaxide (supõe-se) entre maquilhadoras e administrativos, estafetas e até jornalistas. Diz Castelo: "Estamos apenas a meio, e já é possível assinalar pessoas muito interessantes, com capacidades acima da média." Quererá referir-se, quando fala em "média", à qualidade global dos actores portugueses de telenovela? Então é bem possível que haja vários estafetas "muito acima", de facto.
2. A escolha de José Cid para entrevistado da personagem de João Perry em Sedução (TVI), telenovela onde o veterano faz de uma-espécie-de-Jay- -Leno, é sintomático da relação que a ficção portuguesa mantém com a cultura pop nacional. No Brasil, a ficção audiovisual foi quase sempre uma produtora de tendências - e, na maior das vezes, essas tendências não só tinham um mínimo de espessura como, regra geral, eram efectivamente novas. Aqui, e se uma telenovela lança um novo fenómeno, um novo músico, um novo disco, então o fenómeno, o músico e disco são maus; pelo contrário, se aposta num fenómeno, num músico ou num disco com um mínimo de qualidade, então é certo e sabido que fenómeno, músico e disco são antigos, estafados, quase bafientos. José Cid, curiosamente, cumpre as duas categorias ao mesmo tempo: é decrépito e é mau. Escolha perfeita para as telenovelas da TVI, portanto.
Um comentário:
O José Cid, é alguém muito talentoso e prestigiado!! E há muitos jovens a gostarem dele, não é por ser mau, porventura....
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