17 de outubro de 2010

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.

Dez anos disto


A BBC fez muito bem em criar um livro de estilo em que se regulamenta o chamado "jornalismo de cidadão" - e as estações de TV portuguesas fizeram quase tão bem como ela ao dizer-se "atentas" ao problema. Mas não deixa de haver uma certa ironia nesta súbita preocupação. Na verdade, o que o novo código da cadeia britânica faz é recordar as mais básicas regras do jornalismo. E essas regras são invectivadas pelos cidadãos (portugueses e não só), perante a absoluta complacência dos jornalistas, há pelo menos uma década.
Em causa estão agora o processo de produção de informação e os cuidados que os jornalistas devem ter no momento de permitir que seja o cidadão anónimo a encarregar-se dele.
A situação é bem observada, de facto: todos os órgãos de comunicação social do mundo, hoje em dia, usam com demasiada facilidade as "notícias" que lhes são oferecidas por gente anónima - e, na maior parte deles, os princípios essenciais do cruzamento de fontes e do exercício do contraditório são frequentemente ignorados. E, no entanto, o problema está longe de acabar aí.
Todos os dias - não me canso de dizê-lo -, a comunicação social (portuguesa e não só) permite a prática dos mais variados crimes, incluindo difamação, injúria e calúnia. Os jornais estão relativamente inocentes, mas não os seus sites oficiais. As televisões e as rádios, essas, são culpadíssimas. Fóruns de intervenção, caixas de comentários e rodapés com mensagens, mesmo já sendo alguns deles editados, permanecem pejados de ofensas à lei. E é pena que, estando toda a gente "atenta" aos riscos do conceito de "cidadão jornalista", não pareça haver, por esta altura, grande preocupação com o de "cidadão comentador".

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