Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.
Está aí alguém?
Não se fala de outra coisa. A operação de resgate dos mineiros presos desde Agosto numa mina do Chile está a provocar uma onda de comoção no mundo inteiro. Ninguém parece indiferente à ansiedade dos familiares, à frágil cápsula que devolve a vida aos 33 heróis soterrados, às lágrimas no reencontro. Um drama vivido lá longe mas que o poder da televisão em directo aproximou de todos nós. A operação estava a ser montada há longas semanas, a data estava anunciada há alguns dias, mas nem por isso os canais informativos portugueses se organizaram para a transmissão do momento em directo.
A TVI24, por exemplo, nem achou importante interromper a emissão, preferindo manter o alinhamento de enlatados madrugada fora. A SIC Notícias, que por ser líder e uma referência tem mais responsabilidades, limitou-se a abrir antena às imagens internacionais, com a inexperiente pivô que tinha em directo a dizer o óbvio com largos segundos de silêncios que provocaram uma sonolenta emissão. O melhor trabalho, ainda assim sofrível, foi o da RTPN, com um pivô mais expedito e o contributo do veterano jornalista João Pacheco de Miranda, ao telefone, em directo do Chile.
Eu sei que a crise obrigou a cortes na gestão das redacções e que hoje os canais informativos são um vazio na madrugada. Eu sei que a hora (03.30 da manhã) torna difícil uma dinâmica maior, mas não acredito que, com planeamento e preparação, fosse impossível ter convidados em estúdio (mineiros, geólogos, psicólogos...) que pudessem ajudar a contextualizar a história e a dar vida aos tempos mortos.
Depois, faz-se zapping, vêem-se os canais internacionais, percebe-se a diferença e damos graças a Deus pelo facto de o cabo ter mudado a nossa forma de ver o mundo.
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