27 de setembro de 2010

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí mais uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.

Duplamente lamentável

Lamento, como qualquer outra pessoa com um mínimo de sensibilidade, a súbita morte do filho de Paulo Sousa e Costa. Sei muito bem que não posso sequer imaginar o que será a dor de perder um filho. E estou, aliás, mais do que alerta para o facto de o exorcismo da perda assumir, com toda a legitimidade, as mais variadas formas.

Continuo, porém, a sentir--me incomodado perante o "comunicado" (assim lhe chamaram alguns jornais e revistas) do jornalista, conhecido nomeadamente por ser namorado de Carla Matadinho. Tanto quanto posso perceber pela redacção (incluindo um pedido de especial cuidado, sem sensacionalismos, no tratamento da notícia da morte), o dito "comunicado" não passava de um e-mail pessoal para os responsáveis das publicações que o receberam.


Pois foi publicado na mesma. Na íntegra e precedido de parangonas. Ora eu não vou discutir o tom do dito, embora haja nele aspectos que me inquietam. Penso, sobretudo, que o texto não deveria nunca ter sido tornado público. Mesmo que Paulo Sousa e Costa assumidamente o tivesse (ou tenha) permitido.


As publicações especializadas em televisão e "sociedade" não podem estar isentas dos deveres do decoro e da protecção da intimidade das suas fontes e dos seus protagonistas. Embora algumas delas se alimentem precisamente da violação desses preceitos (uma violação, de resto, muitas vezes permitida pelos ditos protagonistas), em algum sítio haverá que traçar um risco-limite. E a morte de uma criança de sete anos está para além de qualquer risco.


Se, agora ou daqui a uns tempos, Paulo Sousa e Costa se aborrecer com a publicação do seu e-mail, será mau. Se não, será pior ainda. Onde vamos nós parar?

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