15 de agosto de 2010

Fecho

Boa noite. Hoje, em fecho, trazemos-lhe mais uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.
A noite de Domingo revela-lhe ainda O Protagonista e O Melhor & Pior da última semana. É logo a partir das 21H00!



'Vintage', mas artificial

Ao pé daquilo em que a reality TV se transformou entretanto, a primeira edição de Big Brother era uma brincadeira de crianças. Como muito bem explicava ontem Marta Cardoso numa entrevista ao Correio da Manhã, nem ela, nem Zé Maria, nem Marco, nem Susana, nem Célia, nem Telmo - todos aqueles que, no fundo, se tornaram objecto ao mesmo tempo do nosso voyeurismo, da nossa ternura e até da nossa vergonha - tinham, no momento em que entraram para "a casa" (faz agora dez anos), a mínima ideia daquilo ao que iam.

Sabiam que as câmaras estavam presentes, sim. Imaginavam que, lá em casa, pelo menos algumas pessoas seguiriam as suas tontices. Mas não podiam supor que o programa houvesse entretanto tomado de assalto a actualidade - e, quando se punham aos abraços ou aos pontapés, aos beijos ou aos coitos silenciosos sob os edredões, faziam-no porque as suas emoções os impeliam a isso, não porque percebessem o alcance (e sobretudo as vantagens estratégicas) desses gestos.

Recuperar o Big Brother, por esta altura, tem seguramente alguma coisa de vintage.
Para o bem e para o mal (sobretudo para o mal), aquele foi, provavelmente, o mais importante programa da televisão nos últimos 20 ou 30 anos - uma revolução que mudou quase tudo e que ainda hoje produz significativos efeitos. Mas recuperá-lo com novas personagens, sobretudo sabendo essas personagens o que puderam perceber entretanto, será como ouvir música dos anos 80 feita nos dias de hoje.

Soará a falso, o novo Big Brother da TVI (e chame-se ele Big Brother, Secret Story ou o que seja). Como objecto de estudo sociológico, valerá pouco mais do que zero. E, ao mesmo tempo, será muito mais inofensivo.

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