3 de maio de 2010

Fecho

Boa noite. O Fecho de hoje incluí mais uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias. Às 21:00, não perca o primeiro Frente a Frente de Maio.

Desligue-se o aparelho

É difícil especular sobre o que se vinha passando em Vila do Conde no seio da família Páscoa-Alvéolos. Uma pessoa vê tanta coisa neste mundo que não pode nunca colocar de parte a hipótese de haver algures um casal que pratica sexo em grupo com três filhos pré-adolescentes. Por outro lado, já conhece tão bem as crianças - e ainda mais as crianças deste tempo - que também não pode nunca afastar a possibilidade de, como alegam neste caso os pais, denúncias do género não passarem de invenções da parte de crianças pispirretas, urgentes de atenção e, aliás, carentes de referências.

Mas não deixa de ser curioso que, na hora de justificar a suposta irresponsabilidade da filha de nove anos, a quem atribui a mentira (sic) que levou o casal à detenção, Amélia Alvéolos se tenha desculpado com a TV. Disse ela: "O grande mal é a minha filha ser muito faladora. Vê coisas na televisão que até não devia ver, mas a gente não vai desligar o aparelho só por causa deles." E, portanto, não pode nunca ser completamente isentada de culpas. Dois pontos muito importantes (e sejam ou não verdade as alegações de Amélia): a televisão tem efectivamente muitas coisas que as crianças não deviam ver; e cabe aos pais fazer a devida filtragem, não aos operadores de TV. A televisão é um meio maravilhoso e democrático, que permite aos mais pobres o acesso a entretenimento e a lazer de uma qualidade que sem ele não teriam. Mas é também um meio "demasiado maravilhoso" e "demasiado democrático" para que as famílias disfuncionais (ou quaisquer outras famílias, aliás) possam entregar-lhe a educação dos filhos. A verdade é redonda, mas conserva toda a acuidade - e, de vez em quando, é preciso recordá-la.

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