Fecho

Boa noite. O Fecho de hoje incluí mais uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.
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Zumba na caneca

David Letterman tem caneca. Conan O'Brien tem caneca. Jay Leno tem caneca. Jimmy Fallon tem caneca. Herman José tem caneca. Bruno Nogueira tem caneca. Rui Unas tem caneca. Já somos de primeira! Ter uma caneca com o logótipo do programa na mesa de um talk show é, sabemos agora, um sinal de modernidade. E o género, que andava arredio da televisão portuguesa, há uns bons pares de anos, voltou. Depois do Herman 2010 e do Lado B, foi a vez de A Última Ceia, o novo programa de Rui Unas, às quartas e quintas- -feiras na SIC Radical.

Unas é um estranho caso de um profissional versátil, talentoso, jovem, urbano, com bom aspecto e culto, mas que, infelizmente para a televisão generalista, falhou quando foi colocado no horário nobre (Inimigo Público, 2005, e Pegar ou Largar, 2006). Nem aquela espécie de telejornal das Produções Fictícias nem o concurso que Penim lhe ofereceu eram a praia de Unas.

É no confronto directo, no tête-à-tête com o convidado, na capacidade de criar cumplicidades, de lhe arrancar respostas, de improvisar reacções, de gerir silêncios e de interpretar sorrisos que se mede a capacidade de um comunicador. E é ali, naquela cadeira, com aquela caneca à frente, que Unas se sente como peixe na água, tal como se sentia no seu Cabaré da Coxa. É ali que Unas é realmente um valor acrescentado para a televisão portuguesa. É ali que se torna um dos maiores, seja no cabo ou na televisão generalista.

Órfã de Carlos Cruz (o maior dos maiores à frente das câmaras), a televisão passou grande parte da última década a tentar encontrar-lhe o herdeiro. E afinal ele estava ali ao lado...