Fecho

Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.
A data de hoje marca um novo template do Televisão-Opinião. Devido a problemas técnico, fomos forçados a mudar de imagem. Esperemos que a sua avaliação seja positiva.

Emoções de tacão alto

Tenho de ser absolutamente claro, para que não restem quaisquer dúvidas. Não acredito em nada que diga respeito à vida depois da morte. Não sou um céptico, não tenho dúvidas, não, não pondero sequer a hipótese. Para mim, a vida termina no momento em que o corpo deixa de aguentar a pedalada. Ponto.

E, mesmo assim, dei por mim, numa roda de amigos fora de Lisboa, a aguardar pela estreia de Depois da Vida, o novo programa de Júlia Pinheiro, com a médium Anne Germain. E, mesmo assim, apesar de tudo, vi o programa todo, debati-o em colectivo, ri e sorri. Impressionei-me com o que as supostas conversas da médium revelaram a Francisco Moita Flores e aos anónimos em estúdio (todos escolhidos a dedo…), mas não acreditei. Não acreditei em nada. Desculpem. Respeito, mas não acredito.

O programa foi um êxito, com 39% de quota de mercado. Nada que me surpreenda, talvez até esperasse uma quota de mercado mais avassaladora. Mas não há dúvidas que Depois da Vida vai ser falado, comentado, vai dar pano para mangas. Tecnicamente, a emissão é fraca: o cenário é básico, com os convidados sentados nuns sofás que parecem umas cadeiras de rodas. Já agora, alguém que diga a Júlia Pinheiro que com convidados do tamanho de Moita Flores, usar um sapato com um salto de oito centímetros não faz sentido. E de caminho digam também ao realizador que fazer um plano contra-picado (quando a câmara está situada de baixo para cima), usado várias vezes nas conversas finais, só serve para tornar evidentes as diferenças de estatuto. Júlia parece um gigantone, os convidados, umas crianças humilhadas.