Humor no Limite
O novo programa de Rui Sinel de Cordes, Gente da Minha Terra (SIC Radical), parece assentar como uma luva às almas mais sensíveis em busca de um choque emocional. Só na primeira edição, Rui viajou para Elvas com Bibi, escavou na areia com Luís Militão e encontrou Maddie no fundo de um convés repleto de redes de pesca. No fim, uma declaração: "Este programa é como os Jogos Paralímpicos. Todos são vencedores." Não hão-de tardar as cartas à direcção do canal, as denúncias à ERC e as queixas ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Para quem for capaz de rir de tudo, porém, há momentos verdadeiramente hilariantes - muito mais hilariantes do que os de qualquer um dos mais recentes programas de humor dos canais generalistas. A proposta é visitar semanalmente uma região diferente do País, satirizando as suas idiossincrasias e desmontando os seus mitos. O primeiro episódio centrou-se no Algarve - e, do Ocean Club a Zezé Camarinha, passando por Paulo China, pelo Ali Super e pela noite de Albufeira, nada escapou à fúria do protagonista. Muito menos o chamado jet set, que merece tiradas assim: "Esta Marta Leite de Castro nem deixa arrefecer a cama…"
A realização é um tanto caseira, embora tente disfarçá-lo com recurso à infografia e à matização da imagem. O ritmo não é grande coisa, e as entrevistas com personalidades locais, a avaliar por esta primeira com Zé Black, referência da noite algarvia, parece mais para queimar tempo do que qualquer outra coisa (não há nada mais deprimente do que uma pessoa sem humor a esforçar-se por parecer divertida). Mas o facto é: guilty pleasure mais guilty pleasure do que este é difícil. Como resistir-lhe?
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