Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.
Fique também a saber que amanhã, no Televisão-Opinião, poderá contar com o Melhor&Pior da Semana relativo aos 3 canais. A partir deste domingo esta rubrica passará a estar sempre presente semanalmente no blog.
É sempre assim: instala-se a recessão económica e as pessoas passam de imediato a ver mais televisão, um entretenimento barato e exercido no conforto do lar, essa fortaleza a que nunca falta pelo menos alguma capacidade para blindar-nos do inimigo lá fora. Ainda esta semana Roma Khanna, presidente da Universal Networks International, uma das referências mundiais no mercado da TV por subscrição, o dizia, regozijando-se com a subida do número de clientes: "Perante o aumento do custo de vida, a opção pelo entretenimento em casa, com a família e os amigos, tornou-se mais atraente."
Daí que não seja fácil entender a entrevistada dada aqui há uns dias, ao Correio da Manhã, por Manoel Carlos, autor da telenovela da SIC Viver a Vida. Dizia ele, em tom pesaroso: "Hoje, com a Internet, já ninguém sai de casa." Ora, eu pergunto-me se, aos 76 anos, e depois de mais de 30 a escrever telenovelas, Manoel Carlos ainda não percebeu o segredo do sucesso do seu negócio. Quanto mais gente pobre (ou com medo da pobreza) existir, mais gente estará a ver televisão - e, quanto mais gente pobre estiver a ver televisão, mais gente haverá para prender durante horas ao ecrã, ao longo das intermináveis maratonas de telenovelas em que as estações comerciais portuguesas e brasileiras baseiam o seu prime time.
Felizmente, o futuro não passa por aqui. Mas, enquanto durar o presente, talvez não ficasse mal pelo menos algum decoro.