Colegas apresentadores e perito dos média antecipam como vai ser a disputa das tardes.
O trilho dos seus destinos teima em cruzar-se. Falamos de duas das apresentadoras nacionais mais consagradas: Fátima Lopes e Júlia Pinheiro. Em breve ambas vão disputar o mesmo horário. Adivinha-se um duelo de titãs.
"As tardes da Júlia", que ocupa a faixa horária vespertina da TVI, já há muito conquistou o estatuto indestronável de líder de audiências do pequeno ecrã nacional. "Fátima", por sua vez, programa residente das manhãs da SIC, veio a perder terreno no último ano, sobretudo após a saída da profissional que lhe emprestava o nome, em virtude da sua licença de parto. Recentemente, a estação de Carnaxide decidiu reestruturar a grelha de "day time" para a "rentrée" televisiva que se avizinha e eis que Fátima Lopes transitará para a tarde.
Aliás, será este o grande trunfo do director de Programas, Nuno Santos, para readquirir algum terreno. Ora, Júlia Pinheiro e Fátima Lopes vão digladiar-se pela fidelização do mesmo público. Será que a carta lançada pela SIC cumprirá esses intentos?
Para Rui Cádima, investigador na área dos média, "trata-se de um horário muito complexo, também pelas características dos espectadores: classes C/B; isto é, reformados, donas de casa e desempregados". Perante este público, "sui generis, na sua maioria pouco intelectualizado e a precisar de uma rápida descodificação do que é dito e feito", a tarefa "complica-se", diz. Considerando que Fátima Lopes é "uma boa solução em termos de prata da casa da SIC", para fazer frente a Júlia Pinheiro, descreve esta última como: "Animal televisivo de grande porte".
Aliás, não menosprezando as capacidades de Fátima, quem classifica enquanto "dama forte da comunicação", e que, curiosamente, foi sua aluna na faculdade, aponta a Júlia "um 'savoir faire', uma vitalidade ímpar, sendo imbatível qualquer que seja o horário em que apareça". Contudo, Cádima frisa um ponto que, segundo ele, não pode ser olvidado: "Toda a equipa de produção por detrás". E nesta medida, acrescenta: "Tem de haver um esforço de retaguarda quanto aos atractivos dos formatos, porque com armas iguais, à partida, Júlia levará sempre vantagem".
Jorge Gabriel, que conduz, com Sónia Araújo, o programa matinal da RTP1, afiança ser "um descanso para o 'Praça da alegria'" deixar de contar com a concorrência de Fátima, "uma profissional de mão cheia", nas manhãs. Contudo, em seu entender, quem tem a beneficiar com esta transição são "os espectadores", e salienta que a apresentadora da SIC "não entra em nada para perder".
Não obstante, "ser menos uma arma de arremesso para o ´Praça'", Jorge está mais interessado na dupla Tânia Ribas de Oliveira e João Baião que co-dirige "Portugal no coração" nas tardes do canal do Estado. E vai de encontro à ideia de Cádima: "Em televisão não se faz trabalho solitário", pelo que o mesmo deve ser entendido "no conjunto da equipa".
Luísa Castel-Branco, quem substituiu Júlia Pinheiro no concurso "O elo mais fraco" da RTP, ressalva a sua falta de isenção para falar sobre a matéria. Mais próxima da profissional a quem sucedeu naquele conteúdo, salienta que Júlia "faz tudo excepcionalmente bem". Não lhe poupa elogios: "É fascinante a sua versatilidade". Todavia, assinala também o "profissionalismo" de Fátima.
Por seu turno, Fernando Alvim, depositanto sempre a tónica do seu discurso na brincadeira, assevera: "A melhor será aquela que mais se aproximar da Oprah em termos estéticos". Dando ainda a sua achega típica. "Talvez a Júlia, com um bom solário, tenha maior potencial", não fosse ela "mulher do meu patrão" ( Rui Pego, director das rádios públicas).
Certo é que, neste xadrez, onde a estratégia é rainha, a parada está alta. Elevou-se. O xeque-mate só se indagará daqui a algum tempo, mas, para já, infere-se, das opiniões auscultadas, que o jogo aparenta ser o mais renhido da "rentrée".
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