16 de agosto de 2009

"Morangos": escola de artes


Antes de deixar a TVI, José Eduardo Moniz havia falado no encerrar de um ciclo de "Morangos com açúcar". Pois que o novo embrulho da trama vai romper com o que já se pode chamar de tradição. Uma escola de artes substituirá o colégio.

Volvidos seis anos, a série juvenil que tem vindo a reunir autênticos clubes de devotos, sendo que as gerações vão passando o testemunho, preserva o seu pendor indestronável. Porém, o conceito, quase uma marca registada, ainda que no início tenha seguido um mimetismo na aplicação de uma fórmula com créditos firmados, vai mudar. O ex-director-geral já o havia anunciado. Agora, confirma-se a nova roupagem. O colégio dará lugar a uma escola de artes, a fazer lembrar "Fame", êxito dos anos 80, que também chegou a Portugal através da RTP.

José Carneiro, autor da sétima época de "Morangos com açúcar", e que também assina a fornada de episódios que está no ar, confirma a novidade da "escola de artes" como palco privilegiado da acção, além do destaque que será conferido a vertentes artísticas, de que são exemplo a "dança, música, ou o teatro". Actores sobejamente conhecidos, como Nuno Homem de Sá ou Sandra Faleiro, integram o elenco.

Em relação à possível inspiração na série "Fame", José Carneiro é cauteloso: "Embora se toquem em alguns aspectos, a comparação é redutora".

Por seu lado, André Cerqueira, director-geral da Plural Entertainment (antiga NBP), produtora que assegura os conteúdos ficcionais da estação de Queluz, invocou o termo "ruptura" para classificar a sétima temporada de "Morangos com açúcar". Ainda que a escola seja a mesma "vai sofrer profundas tranformações", afiançou, adiantando ainda que "as gravações se iniciaram há cerca de duas semanas".

Quanto ao eventual uso de um edíficio emblemático da capital para servir de fachada, não descartou a possibilidade, apesar das reticências na abordagem do assunto, em virtude do abandono do cargo por parte de José Eduardo Moniz.

Auscultados acerca destas novidades a implementar nos capítulos cuja exibição, ao que tudo indica, arrancará na "rentrée" televisiva, portanto, em Setembro, tanto Zé Pedro dos "Xutos&Pontapés", como a incontornável Simone de Oliveira, foram unânimes em considerar positiva a mudança, sobretudo do ponto de vista de uma maior projecção das artes.

"É uma óptima iniciativa motivar os jovens para as artes e consciencializá-los nesse sentido", comentou Zé Pedro. Até porque "há necessidade de olhar para a cultura de um povo enquanto uma coisa nobre", deixando a pergunta no ar: "Quem sabe até se não se sensibilizam os mais novos para abraçar uma carreira artística?".

Também Simone de Oliveira, que participou na série, há uns tempos, "como avó Mergulhão" contracendando com FF, depositou a tónica do seu discurso, na mais-valia que é conferir visibilidade às artes "desde que seja bem feito". Havendo pouca pedagogia para a cultura no nosso país "de falsos brandos costumes", a cantora e actriz subscreveu a ideia da "prestação de serviço a uma causa injustiçada".

Fonte: Jornal da Notícias

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