21 de maio de 2011

Fecho


Fechamos esta sexta-feira com a habitual crónica de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.

Descançar a consciência

Depois do sucesso que foi na passada quarta-feira o debate dos pequeninos na RTP1, entre os sete candidatos dos partidos sem assento na Assembleia da República, custa-me a aceitar a evidência, mas quem ganhou a contenda mediática foi José Manuel Coelho.

O provocador do regime, a quem 190 mil portugueses deram o seu voto nas últimas eleições presidenciais, foi o único que percebeu a natureza daquele debate. É triste, mas é a verdade. Coelho percebeu que a realização do debate serviu apenas para descansar a consciência de um país em crise, não para esclarecer o que quer que fosse. E por isso o candidato madeirense preparou o seu momento de glória. E acertou: basta ver os resumos televisivos e as notícias nos jornais no dia de ontem para perceber que o número de Coelho, ostentando um cartaz com uma frase de ordem, irritando Garcia Pereira, e obrigando Sandra Sousa a forçar um intervalo, foi o ângulo jornalístico consensual escolhido por todos.

Depois do encontro a sete, a maior parte dos eleitores portugueses ficou a conhecer os mesmos que já conhecia: Garcia Pereira, o clássico, José Pinto Coelho, o nacionalista, e José Manuel Coelho, o bobo da corte. Quartin Graça (Movimento Partido da Terra), Paulo Estevão (Partido Popular Monárquico), Rui Marques (Movimento Esperança Portugal) e Paulo Borges (Partido pelos Animais e pela Natureza) saíram das instalações da RTP tão conhecidos como lá entraram.

É certo que a Constituição garante a igualdade de oportunidades para todos, mas se o sistema político-partidário português tivesse a existência de 80 partidos a concorrer às eleições, como acontece noutros países, seria impossível fazer um debate com todos. Será que não há Democracia nesses países?

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