A propósito de um curto debate que mantive com Azeredo Lopes e Estrela Serrano no blog que partilham (www.vaievem.wordpress. com), devo dizer que a questão da carteira profissional de jornalista, que continua a inquietar tantos, me parece datada. Afinal, não estamos a falar de neurocirurgia: estamos a falar de comunicação, da capacidade de contar histórias, do exercício da curiosidade. Um jornalista mantém-se um jornalista com ou sem carteira profissional; um não-jornalista permanecerá um não-jornalista mesmo depois de tê--la conseguido. E, em todo o caso, jornalistas e não-jornalistas continuarão a conviver nos jornais, nas rádios e nas televisões sem que daí venha grande mal ao mundo.
Tão-pouco me parece relevante debater agora isso das viagens em reportagem pagas por alguma marca de automóveis, pela distribuidora de algum filme ou mesmo pelo erário público. Haverá sempre abusos das parte de fontes e haverá sempre deslizes por parte de jornalistas - mais vale acreditar que, no chamado cômputo geral, é o público quem está a ganhar o jogo. Outra coisa será debater a urgência de os jornalistas se envolverem pessoalmente na viabilização do meio em que trabalham (ou pelo menos dos projectos que desenvolvem nesse meio). Não nos deixemos enganar: os jornalistas não podem ficar indiferentes à necessidade de vender o seu produto e, aliás, à necessidade de produzi-lo ao mais baixo preço possível. Por outro lado, é precisamente por aí que mais zonas cinzentas se espraiam.
Consciência: eis a chave-mestra da equação. Até porque só ela nos permitirá manter a confiança do leitor, do ouvinte, do telespectador. Sem essa confiança, nada feito. E é por isso que o debate urge.
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