Quando, às 23.15 de quinta-feira, liguei a um amigo a convidá-lo para um cafezinho, aproveitando os estranhos 17 graus na noite lisboeta de Dezembro, ele respondeu-me que estava "a ver a Júlia na TVI". E, sem que lhe perguntasse nada, lá começou a sua análise: "Que vergonha reflexa. Não sei porque é que eles insistem nestas coisas de pôr as estrelas do canal a cantar e a fazer figuras tristes." "Não sabes?", perguntei-lhe. "As pessoas adoram. Todos os anos, a gala da TVI tem audiências avassaladoras e desta vez não vai ser excepção, vais ver", sentenciei. E, de facto, o programa, que tanto trabalhinho deu a Júlia Pinheiro, agora que tem o seu resistente coração dividido entre o dever de missão à TVI e as cócegas na barriga que deve sentir com a certa transferência para a SIC, foi líder absoluto de audiências. Um milhão e 300 mil pessoas viram a gala de Natal, ou seja, quase metade dos portugueses que viram televisão entre as 22.10 e as 24.40.
O meu amigo bem pode achar que Pedro Granger, Teresa Guilherme, Manuel Luís Goucha, Júlio Magalhães, Cristina Ferreira e companhia fizeram "figuras tristes", mas para o comum dos mortais, aquele que diariamente se senta no sofá depois de um dia de trabalho, este é o momento em que as estrelas descem do pedestal, perdem a pose e se aproximam de si. Se nós, comuns mortais, desafinamos no banho, fazemos figuras tristes no karaoke numa noite bem bebida entre amigos, porque é que aquela gente, tão importante e que ganha tão bem, não pode fazê-lo? É este o conceito do sucesso das galas de Natal inventadas por Moniz e que os seus sucessores, e bem, souberam reinventar. É aproveitar. Na SIC, Júlia Pinheiro talvez não tenha essa oportunidade...
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