21 de novembro de 2010

Fecho

Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.

A memória em televisão

Adepto mil vezes confessado de House M. D., sentei-me em frente ao televisor logo na segunda-feira, escapando à habitual gravação, para assistir, no canal Fox, ao primeiro episódio da sétima temporada. Há seis anos que acompanho o desastre emocional de Gregory House, tanto quanto a agilidade de espírito com que ele desmonta a chamada natureza humana - e, naturalmente, não resistiria nunca a uma temporada em que ele tentasse, enfim, reconstruir-se emocionalmente, sobretudo sabendo que algo dentro dele jamais resistiria a boicotar essa reconstrução.

Há uma contradição na intriga, diga-se. Até à quarta temporada, House não se permitiu amar porque, na verdade, já amava: a ex-mulher, com quem apenas não vivia (apesar da disponibilidade dela, a certa altura) porque era "incapaz" de viver a dois. O problema, suponho, foi do casting: no papel de ex-mulher estava Sela Ward, uma actriz de primeira linha - e, provavelmente, mantê-la custava demasiado dinheiro. Nada que importe muito, porém: todos esperávamos há demasiado tempo um affair com Cuddy - e, naturalmente, era por aí que a saga um dia iria.

Aborreceu-me sobretudo que, depois de House ter recuperado a perna doente no final da terceira temporada, tendo chegado a praticar jogging de calções (e com as pernas visualmente escorreitas), a dita perna reapareça agora esfacelada, o que já não é uma contradição, mas um desnecessário erro de anotação. Provavelmente, julgaram os produtores que ninguém se lembraria - ou, pior ainda, na dança de realizadores, estamos agora nas mãos de quem domina a série pior do que nós.

De resto, fica claro de que também eu gosto da minha telenovela. Porque não gostaria?

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