26 de setembro de 2010

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.

Faz sentido privatizar?

O que está subjacente à proposta de Pedro Passos Coelho para a privatização da RTP?
Três coisas: a) um operador público é sempre um sorvedor de dinheiros públicos; b) um país em crise não tem de pagar uma televisão armada em serviço público que tem concursos como os das privadas; c) uma televisão estatal está sempre sujeita às pressões políticas de quem está no Governo, PSD incluído.

No plano das ideias isto está tudo certo. Só que, na realidade, nada disto é assim tão simples. Por entre a espuma das marés políticas, que tornam este assunto enjoativamente recorrente, convém perceber se já foi feito tudo o que é possível para conciliar uma programação de serviço público com alguma audiência. Perguntam-me: a RTP não faz serviço público? A resposta é óbvia: faz. O Prós e Contras e toda a grelha de informação a seguir ao Telejornal é serviço público. Os programas sobre a Festa das Vindimas que têm enchido o day time da RTP são serviço público. As séries sobre a República ou sobre o Regicídio, o Conta-me como Foi e outro tipo de ficção histórica são serviço público.


A questão é saber se faz sentido que o dinheiro dos contribuintes vá para programas como as novelas brasileiras da hora do almoço, ou para concursos como O Preço Certo ou Carrega no Botão, para séries como Pai à Força, ou para futebol que os outros podem dar. A questão é saber se, num país em crise, faz sentido o Estado alimentar uma estação que, apesar de uma programação obviamente mais diversificada do que a das privadas, continua a fazer concorrência directa em muitos horários do dia com as armas dos outros.

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