Boa noite. Hoje, em fecho, trazemos-lhe mais uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.
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Um canal-mosaico
A expressão é de Nuno Bernardo - e é perfeita. Questionado pelo Correio da Manhã sobre a TV existente em Portugal, o director da produtora BeActive começou por denunciar os canais generalistas como sendo apenas cópias uns dos outros. Depois, chamou à RTP2 "um canal--mosaico" - e chamou-lho bem. Porque, de facto, a RTP2 tem de tudo, incluindo um bocadinho de Panda e outro bocadinho de SIC Notícias, um tanto de Sport TV e outro tanto de AXN - e, no fim disso tudo, não tem o mais importante, que é a identidade.
Mas a questão é que Nuno Bernardo não falaria assim se não existisse RTP1 - ou, melhor ainda, se a RTP1 fosse privada. Porque, caso a RTP2 fosse o único canal público de sinal aberto, como deveria ser, fazia todo o sentido ser como é: uma espécie de mínimo múltiplo comum entre todos os géneros tradicionais de televisão, permitindo ao Estado corrigir um pouco as assimetrias entre os telespectadores e suprir as "necessidades básicas" daqueles a quem não fosse possível contratar serviços que lhes dessem mais do que os talk shows primários, as telenovelas chorosas e os concursos vácuos a que se reduz a programação da RTP1, da SIC e da TVI.
O problema, no fundo, reside de novo na RTP1. É ela a desequilibrar a balança - e esse desequilíbrio não atinge apenas a concorrência directa, fragilizada pela falta de apoios estatais, mas também os restantes canais do próprio universo RTP, nomeadamente esse parente pobre que é a RTP2. E, até porque acabam de entrar nos cofres na estação mais 88 milhões de euros provenientes do erário público, é cada vez mais urgente debater o que pretendemos, exactamente, para o futuro dela.
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