Não há bons programas de televisão sem boas ideias. Mas atenção, uma boa ideia não significa necessariamente um bom programa de televisão. A noite de sexta-feira passada na RTP1 é disso um flagrante exemplo. Não me interpretem mal: os Prémios Talento, cuja gala a televisão pública transmitiu em directo do Convento do Beato, são seguramente uma importante iniciativa do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Aqueles portugueses que ali estiveram são certamente gente estimável, empreendedora, com capacidade de iniciativa no estrangeiro, que merece um estímulo, um alento, um aplauso. O apoio da RTP à iniciativa insere-se plenamente no caderno de encargos de uma estação de serviço público. Mas isso não significa necessariamente uma gala de duas horas em directo, muito menos em horário nobre, muito menos numa sexta-feira, muito menos no canal 1, quando há uma antena internacional.
Sílvia Alberto fez o que pôde. Fê-lo bem, embora num registo entre o formal e um concurso para crianças, com sublinhados (com os olhos e palavras…) desnecessários para a ocasião. Mas o que sobressai da gala é o receio (justificado) da RTP que tudo aquilo fosse uma grande seca para o espectador. Só assim se entende uma irritante musiquinha de fundo que durou toda a emissão.
José Fragoso e José Alberto Carvalho, respectivamente director de programas e de informação, muito filmados ao longo da noite, bem sorriam sempre que eram apanhados pela câmara. Mas no fundo, no fundo, aquilo que lhes ia na alma não era, não podia ser, orgulho e felicidade por estarem ali…
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