Alertei pela primeira vez para a gravidade da situação na RTP Açores em Janeiro de 2008, num artigo a que chamei "A RTP/Açores vai acabar" e que fiz publicar em simultâneo nos jornais Açoriano Oriental e Diário Insular. O título era catastrofista. Dificilmente a RTP Açores acabará de facto, porque o prejuízo que dá ao Estado é uma ínfima parcela do prejuízo dado pela RTP em geral - e, sobretudo, porque os custos políticos de tal decisão, tanto para o governo regional como para o Governo da República (e para os partidos seus titulares) seriam brutais. Mas havia uma razão para o tom do aviso: a RTP/Açores foi um dos pilares da autonomia açoriana. E o facto é que todos os sinais que então identifiquei não só se confirmaram como, inclusive, foram suplantados. Decididamente, nem nos seus piores pesadelos um açoriano empenhado podia prever o desnorte actual, que entretanto já reduziu a estação à mais completa irrelevância (e logo ela que, além de uma tradição de independência na informação, levou os Açores ao mundo e ganhou vários prémios internacionais com a sua ficção).
Pois, agora, quase toda a gente (menos Carlos César, para quem uma estação moribunda parece ter vantagens) vem dizer que a situação é aflitiva. A sociedade civil, os partidos políticos, a própria Assembleia Regional: está tudo em pânico. E, no entanto, o principal inimigo continua, absurdamente, a ser Lisboa, que "não dota a estrutura de meios". Duas perguntas e duas respostas. Que meios tinham as anteriores estruturas dirigentes que esta não tenha? Poucos. O que faria com mais meios esta estrutura dirigente? Nada também. Tão simples como isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário