30 de maio de 2010

Fecho



Boa noite. Seja bem-vindo a mais um Fecho. O de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.

Às 21:00, saiba quem é o Protagonista da semana, e a partir das 22:00 fique com o resto da rubrica O Melhor & Pior da Semana. De referir ainda neste Fecho que, durante esta semana, às 19:00, serão colocados algumas histórias que acabaram por não acontecer em Viver a Vida. Saiba tudo amanhã, às sete da tarde.

No teatro é boa sorte

Não foi um "palavrão", como a generalidade da imprensa noticiou, o que Carla Trafaria disse em directo no Bom Dia Portugal (RTP) de quinta-feira. "Merda" não é uma palavra bonita (é mesmo bastante feia, pela simplicidade e crueza), mas está aí por todo o lado, na linguagem das figuras públicas e na literatura, na televisão e mesmo em crónicas de jornal. Foi um erro? Certo. Carla Trafaria devia ter o cuidado, quando decide fazer apartes internos, de certificar-se de que a via está fechada - e, sobretudo, a régie do Bom Dia Portugal não devia nunca deixar uma via aberta para além da leitura de um pivot.

Mas o facto é que o lapso veio trazer ao mesmo tempo tempero ao Bom Dia Portugal, que tem dificuldade em evitar o cinzentismo numa manhã tão cheia de boas intenções como a da RTP, e uma certa dimensão humana ao jornalismo televisivo. Há vários anos que os pivots da estação pública o perceberam: a apresentação dos telejornais está demasiado automatizada - e, às vezes, é preciso humanizar o apresentador. José Rodrigues dos Santos pisca o olho para as câmaras. Alberta Marques Fernandes faz trejeitos com a esferográfica. Só que em ambos os casos a coisa resulta artificial.

O deslize de Carla Trafaria, pelo contrário, mostrou a milhares de espectadores que há um mundo a acontecer por detrás do Bom Dia Portugal - e que as pessoas desse mundo são iguaizinhas a nós. Nos dias que correm, e em que a actualidade (e a crise e os impostos e o tráfico de influências) parece cada vez mais distante, acaba por ser um momento especialmente terno ouvir um jornalista dizer "merda". Mesmo se não é bonito.

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