25 de abril de 2010

Fecho

Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.
Às 21:00, saiba qual o Protagonista da semana.

Outra vez Abril..

Nasci em 1974, cresci numa família de esquerda e sou de esquerda. E, mesmo assim, estou ansioso que chegue o dia 26 de Abril. O ideal mesmo era saltarmos este fim-de-semana e acordarmos já hoje na segunda- -feira.


Não se trata, evidentemente, de menorizar a conquista feita há 36 anos. Nem sequer de deixar passar a data em claro, ainda que seja impossível pedir a um jovem de 20 ou 30 anos que sinta da mesma forma o peso da data que um homem de 50 ou 60.


A minha questão é, porém, outra: haverá alguma forma de comemorar o 25 de Abril de 1974 de uma forma diferente, capaz de mobilizar uma sociedade perdida nos crescentes assaltos às suas múltiplas liberdades? Confesso que não tenho respostas para a minha própria pergunta. Mas a questão preocupa-me. E preocupa-me que 36 anos depois do 25 de Abril, a televisão pública portuguesa volte a ocupar um fim-de- -semana com o mesmo Otelo (hoje no Herman 2010), a mesma Maria de Medeiros (realizadora de Capitães de Abril, também no programa de Herman), a mesma cerimónia pesada e institucional (amanhã às 10.00, em directo da Assembleia da República), os mesmos militares de Abril (Garcia dos Santos, Sanches Osório e Vasco Lourenço entre muitos outros, amanhã à tarde, em directo do Quartel do Carmo), as mesmas músicas de Abril interpretadas pelos mesmos cantores ou por novas vozes.


Não me interpretem mal, por favor. Tenho enorme respeito por quem lutou nas ruas pela liberdade. Não sou mal-agradecido. Mas, ó criativos deste país, arranjem lá uma forma original de festejarmos Abril. Por favor! Nem mais um soldado para a televisão..

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