Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.
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A história em directo
Para centenas de milhões de espectadores ao redor do globo, está desde já encontrada a decepção do ano: afinal, ninguém viu em directo o primeiro buraco de Tiger Woods no The Mas-ters, primeiro torneio do n.º 1 do ranking mundial de golfe após a reclusão de cinco meses a que o próprio se votou na sequência do escândalo sexual em que se envolveu. Na hora da verdade, a organização do Augusta National, a que cabe a produção das imagens, não conseguiu injectar o sinal no satélite, frustrando o acordo firmado com estações do mun-do inteiro (incluindo, em Portugal, SportTV Golfe).
E, porém, a própria intenção tem significado. Porque, a não ser talvez Barack Obama, não há hoje outro homem capaz de mobilizar esta expectativa. Era tal a euforia dos adeptos do golfe que, com o chamado world feed circunscrito às habituais três horas e meia de directo, a organização do primeiro major de 2010 programou uma emissão prévia de alguns minutos só para acompanhar, em jeito de edição especial global, o primeiro buraco de Tiger. E, isso, nem Michael Jordan nem Michael Schumacher conseguiram quando voltaram às respectivas modalidades.
Filho de um afro-americano e de uma tailandesa, Woods é, na verdade, a verdadeira antecâmara de Obama. Provavelmente o melhor jogador de uma modalidade com 250 anos de história, impôs o respeito das elites pelas minorias étnicas - e, quando está ausente, leva as audiências do PGA Tour a baixar 40%. Esta quinta-feira, e após cinco meses sem uma ronda competitiva, simplesmente desfez o campo de Augusta, com um -4 que o colocou de imediato na órbita da liderança. É um privilégio ser seu contemporâneo - ainda por cima na era da TV.
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