Por hoje temos uma crónica de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.
Esta crónica tem uma semana de atraso. Mas chega a tempo. Sobretudo porque nunca é tarde para fazer justiça e para mostrar que, afinal, ao contrário de todas as expectativas, os críticos (como os de televisão, por exemplo) também podem dizer bem.
A noite televisiva de final de ano ficou marcada pelo fim de Uma canção para Ti (TVI), que ganhou a sempre mediática batalha das audiências. Mas, do ponto de vista artístico, há algo que sobressai na espuma dessa noite. Falo das notáveis interpretações de Joaquim Monchique na gala especial de Ídolos na SIC. As caricaturas de Obama, de Manuel Luís Goucha, da família Castro, mas sobretudo de Manuela Ferreira Leite são notáveis, são peças de humor inteligente: perspicazes na observação, actuais no conteúdo, competentes na mensagem. E isto não acontece por acaso. Monchique é há muito um mestre na identificação dos tipos humanos, com espessura intelectual, versatilidade plástica e densidade corporal. Expliquemo-nos: as gargalhadas que aquele cruel retrato de Ferreira Leite despertaram nos espectadores (e que estão acessíveis no YouTube) não derivam apenas de um texto inteligente e mordaz, mas sim dos olhos, das mãos, das pernas, dos silêncios.
Durante anos na sombra de Herman José, Joaquim Monchique deu em boa hora o grito do Ipiranga. Bebeu do mestre, de quem continuará a ser amigo, mas fez-se à vida sozinho. A excelência do espectáculo Paranormal, que já esteve em Lisboa em 2008, que já percorreu o País e que está agora em reposição em Lisboa, no Cinestúdio Mário Viegas até ao fim do mês, é a prova provada de que a justiça pode tardar, mas nunca falha. Como esta crónica, afinal...
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