19 de novembro de 2009

Fecho


Boa noite, o Fecho de hoje não conta com "A Melhor Dupla", mas sim com uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias:
Outono triste

A televisão é cada vez mais forma e cada vez menos conteúdo. Não estou a querer dizer que o que a televisão conta não seja importante. Claro que é. Mas nos dias que correm, decisivo para o sucesso de um produto é o embrulho com que ele chega aos espectadores.

Alguém duvida de que a saúde é uma das principais preocupações dos portugueses? Alguém acredita que o problema da hipertensão arterial não é suficientemente importante? Não. Doença silenciosa, a hipertensão é uma das principais causas de morte em Portugal e não há ninguém que não tenha alguém próximo que padeça deste problema. É, pois, um assunto que toca a todos, que não está desfocado da realidade que nos rodeia. E mesmo assim, o programa Serviço de Saúde (3.ª-feira, na RTP1, com Maria Elisa) desta semana chegou apenas a 258 mil espectadores. Ou seja, 11,9% dos portugueses que viam televisão às onze da noite. A maioria, a esmagadora maioria, preferiu a novela portuguesa da TVI ou a novela brasileira da SIC (em que curiosamente as questões cardiovasculares e vasculares cerebrais estavam em evidência, através de uma personagem).

O que falha então em Serviço de Saúde? O problema não está em Maria Elisa, uma das profissionais mais bem preparadas da televisão portuguesa, com uma relação directa e intensa com a câmara. Colocá-la, porém, frente a um cenário com umas folhas castanhas a fazer lembrar o Outono é próprio de uma televisão que já não existe em canal aberto. Dir-se-á que o problema não está em Centro de Saúde, mas na enorme feira popular em que se tornou a televisão generalista. Pode ser, mas, se não lhes podes ganhar, junta-te a eles.

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