Mudam-se os tempos, não se mudam as vontades
O primeiro especial de Perfeito Coração, que a SIC exibiu na quinta-feira, não correu mal. Mas também não correu bem. Seria, porventura, mais expectável que corresse mal do que bem, dado que a novela portuguesa do canal passa habitualmente ao fim-de-semana e não há o hábito de a ver aos dias úteis.
Objectivamente não correu mal, porque a SIC segurou 20% de quota de mercado àquela hora, valor superior ao que conseguia com M/F (16,7%) e mesmo com Cenas do Casamento (média de 17%). No entanto, não correu bem, porque estes 20% foram influenciados (resta saber quanto) pelo lastro de quase 40% deixado pela transmissão do Everton-Benfica . Há um dado interessante: ao longo dos 45 minutos de exibição, não houve rejeição: os 20% que começaram a ver a novela às 21:57 eram os mesmos 20% que chegaram ao fim.
A jogada de risco de Nuno Santos luta contra o hábito do rolo compressor diário de quatro novelas seguidas da TVI. Basta perceber que mal o jogo de Liverpool terminou, no minuto seguinte, o share da SIC baixou de 36,8% para 20,3%. Ou seja, a percepção do público é consistente e real: os espectadores viram algo que lhes interessava num canal e, a seguir, voltaram ao velho hábito: uma maratona de novelas no canal ao lado. Mais do que a qualidade de cada novela sua, o grande trunfo da TVI (e pesadelo para a SIC) é a dinâmica de grelha e a rotina instalada na mente do espectador. E essa é a mais difícil de contrariar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário